Ginecologia: 5 perguntas que você não pode deixar de fazer à sua paciente
- thiemerevinter
- 23 de jul. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de jul. de 2018
É claro que todo atendimento tem suas peculiaridades, mas algumas questões são essenciais e devem ser feitas por todo(a) ginecologista

Poucas são as profissões que possibilitam um laço de intimidade tão grande quanto o(a) ginecologista e sua paciente. Essa relação de proximidade, construída à base da confiança, é fundamental para que a mulher se sinta confortável em uma consulta ao ginecologista.
Em seu livro "A Vulva: Manual Prático", a ginecologista Gayle Fischer, não só mostra de forma prática, atual como realizar diagnósticos e tratamentos de doenças da vulva, como também indica as melhores formas de abordar questões importantes para a identificação de possíveis doenças.
Para facilitar o diagnóstico de doenças da vulva - feito não só por ginecologistas, como clínicos gerais, enfermeiros, dermatologistas e médicos de família - Fischer elaborou cinco perguntas básicas que sempre devem ser perguntadas.
Vejam elas perguntas abaixo!
1- Perguntar como anda sua vida sexual
Esta é uma pergunta básica, mas que nunca pode passar batida. Em geral, no início da consulta, vários outros assuntos são falados, rodeando a questão principal e a queixa só é admitida quando você, especificamente, perguntar se este é o principal problema.
Muitas pacientes ficam constrangidas para falar sobre a dor durante o sexo. Mesmo quando essa é a queixa principal. Principalmente quando se está lidando com jovens pacientes. Isso se deve ao sentimento de vergonha associado à incapacidade de funcionar “normalmente”. Afinal, a mídia nunca descreve o sexo como algo desagradável e as expectativas das pacientes costumam refletir essa ideia do sexo como inesgotável fonte de prazer.

2- Perguntar sobre incontinência fecal
Esta é uma pergunta nem todos os profissionais de ginecologia fazem, mas que deveriam fazer. Em mulheres mais velhas é comum o aparecimento de manchas por fezes na roupa íntima, mas estas mulheres raramente compartilham esta informação importante por constrangimento. As manchas podem ser tanto por incontinência fecal ou por limpeza inadequada (principalmente em decorrência de obesidade, artrite ou visão deficiente).
Muitas vezes os problemas vulvares, considerados intratáveis, são facilmente controlados após a correção de problemas retais. Embora a incontinência fecal possa não ser curável em muitos casos, existem medidas simples que ajudam: a aplicação de vaselina no ânus antes de cada evacuação intestinal, e o uso de um secador de cabelos com ar frio para secar apropriadamente a pele genital.
3- Você está preocupada com algum motivo em específico? (Como câncer ou DST)
Nada deixam as pacientes mais apreensivas e constrangidas as infecções sexualmente transmissíveis e o câncer. Assim, qualquer problema genital poderá fazê-las imaginar que existe uma conexão entre o que está acontecendo agora e o que pode ter acontecido no passado. Portanto, é importante perguntar se elas estão preocupadas com um ou ambos os problemas.
Por isso, enfatizar que a doença não é uma infecção sexualmente transmissível ou um câncer (caso não seja, claro) é muito tranquilizador. Folhetos informativos sobre o assunto podem ajudar neste sentido.
Nunca é demais lembrar que a maioria das doenças genitais não se encaixa nesta faixa estreita de possibilidades.

3.1- Garanta que a paciente não pode “passar isto” ao(à) seu(sua) parceiro(a)
Novamente, mesmo quando você acha que explicou completamente um distúrbio cutâneo benigno para seu paciente, você não pode presumir que ela entenderá que o distúrbio não é transmissível. Por isso, a pergunta “Posso passar isso ao meu parceiro?” pode aparecer mesmo após você ter passado 10 minutos explicando o que é uma psoríase. Pode parecer ridículo para você, mas leigos têm dificuldade em entender a diferença entre algo infeccioso e algo endógeno.
4- Você tem receio de abuso sexual? (Para pais que levam crianças)
Quando uma criança se apresenta com um programa genital, a questão de abuso sexual está frequentemente no pensamento dos pais, mesmo quando eles não mencionam imediatamente. Novamente, pergunta de forma específica.
Entretanto, essa questão deve ser abordada com responsabilidade. Isso porque, embora a doença cutânea não descarte o abuso sexual, não é um motivo para a suspeita. Entretanto, a situação muda nos casos de infecções sexualmente transmissíveis, como verrugas genitais ou herpes genital. Nesses casos, é essencial considerar a possibilito de abuso infantil.
Lembre-se que na literatura médica sobre abuso sexual nos diz que perpetradores são geralmente conhecidos e de confiança da criança, portanto, são frequentemente membros da família.
5- Você quer ler algo a respeito?
Não se engane: a maioria das pacientes, quando chega em casa, irá direto para o computador para procurar na internet informações sobre a sua condição e tratamento. Isso quando não já o fez antes mesmo da própria consulta.
Com relação à doença vulvar, a internet está cheia de dados assustadores, complexos e, algumas vezes, imprecisos. Por isso, ofereça fichas informativas e direcionar as pacientes para websites que sejam pautados em fatos. Pode ser muito útil para que ela não se informe de maneira equivocada.
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Nossa autora

A professora Gayle Fischer é dermatologista clínica e acadêmica com interesse em dermatologia pediátrica e ginecológica. Atualmente é professora Associada de Dermatologia na Northern Clinical School da University of Sydney. Ex-presidente da Sociedade Vulvovaginal da Austrália e Nova Zelândia, membro da Sociedade Internacional para Doenças Vulvares e membro da Sociedade de Dermatologia Pediátrica. Membro do Conselho Editorial de Dermatologia Pediátrica. Ela é Chief Censor do Australasian College of Dermatologists.
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