Ginecologia: 6 mitos sobre o tratamento da candidíase que você precisa saber
- thiemerevinter
- 23 de jul. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 24 de jul. de 2018
A candidíase é uma das condições mais conhecidas nas mulheres e, por isso mesmo, é cheia de mitos. Saiba alguns deles

Qualquer ginecologista já recebeu em seu consultório ao menos um caso de candidíase, tão comum é essa infecção por fungos é entre as mulheres. Ainda assim, ela ainda possui muitos mitos ao seu redor. Segundo estudos, até 75% das mulheres já tiveram candidíase ao menos uma vez na vida.
Em seu livro "A Vulva: Manual Prático", a dermatologista clínica e acadêmica com interesse em dermatologia pediátrica e ginecológica Gayle Fischer, mostra alguns mitos sobre esta e outras infecções comuns nos consultórios de ginecologista do mundo inteiro.
Vejam eles abaixo!
1- Muitas condições vulvares pruriginosas são causadas pela candidíase
A candidíase é muito comum. No entanto, embora seja a primeira coisa que as pacientes, farmacêuticos e até mesmo os médicos pensem, existem muitas condições além da candidíase que podem causar problemas vulvares, especialmente as condições crônicas.
Nas pacientes com vulvite crônica de longa duração, a candidíase crônica representa a minoria (aproximadamente 20%) de todos os casos. Muitas pacientes informam que receberam uma prescrição médica de um antifúngico sem que um exame tenha sido realizado e sem a coleta de um swab vaginal
Embora possa ser aceitável fazer isto na primeira apresentação, não é a prática mais adequada usar múltiplos ciclos de antifúngicos sem uma confirmação de candidíase por coleta de um swab vaginal. Além disso, a incidência de resultados falso-negativos, de swab vaginais colhido após o uso de múltiplos ciclos de agentes antifúngicos tópicos e/ou orais é muito alta.

2- Crianças pré-púberes apresentam candidíase vaginal
Isto é completamente falso. As crianças pré-púberes saudáveis e que não usam fraldas não apresentam candidíase. A candidíase pode ser observada no contexto de maceração crônica, nos casos de incontinência, imunodeficiência e diabetes.
O desenvolvimento de candidíase exige uma condição vaginal com bom nível de estrogênio e, portanto, não é observada antes da puberdade. Em geral, a única vaginite infecciosa que observamos com alguma frequência é a causada pelo Streptococcus do grupo A. Nunca se deve presumir que uma criança com vulvite pruriginosa sofra de candidíase. Além disso, cremes antifúngicos não são eficazes.
3- Mulheres na pós-menopausa podem sofrer de candidíase vaginal
Níveis adequados de estrogênio são necessários para que uma mulher adquira infecção por candidíase vaginal e, portanto, candidíase não é observada em mulheres na pós-menopausa. As únicas exceções a esta regra são:
Mulheres em uso de terapia de reposição hormonal oral ou de estrogênio vaginal
Mulheres com diabetes
Mulheres com uma doença cutânea vulvar subjacente, como o líquen escleros
Mulheres imunodeprimidas

4- Probióticos e a dieta anti-Candida são a resposta "Natural" para a Candidíase
Este é um conceito muito popular. É muito difícil seguir a dieta anti-Candida e os probióticos são caros. As pacientes que chegam ao nosso consultório geralmente já tentaram essas medidas sem sucesso.
Não existe um ensaio clínico demonstrando a eficácia destes métodos. Apesar disso, muitas pacientes desejam realizar uma terapia "natural" e respeitamos este direito.
5- Uso prolongado de antifúngicos orais causa danos hepáticos
A principal desvantagem desses medicamentos não é o dano hepático, mas sim o custo e as possíveis interações medicamentosas, particularmente com medicamentos hipolipemiantes como as estatinas.
O primeiro medicamento oral anti-Candida disponível foi o cetoconazol. Este medicamento apresentava um risco real de hepatite induzida por medicamentos, na ordem de 10%. Por causa deste efeito adverso, todos os pacientes tratados com cetoconazol eram regularmente submetidos a testes da função hepática.
Os medicamentos orais anti-Candida mais recentes, como o itraconazol e o fluconazol, não apresentam risco elevado de dano hepático e nossa experiência com esses medicamentos, mesmo quando usados por períodos prolongados, é que ambos têm histórico de segurança similar ao uso prolongado de medicamentos antivirais.
Não existe uma lógica que justifique a aceitação do uso prolongado de medicação anti-viral para o controle do herpes genital recorrente e o temor de usar azólicos orais por períodos prolongados para controlar a candidíase crônica.
6- Candidíase crônica pode ser controlada com dose semanal de Fluconazol
Esta é uma noção amplamente difundida, pois algumas publicações fizeram esta recomendação. Além disso, as doses únicas de fluconazol podem ser adquiridos sem prescrição médica. Essa estratégica pode funcionar para algumas pacientes, mas observamos muitas falhas terapêuticas com este regime.
Acreditamos que a melhor maneira de controlar a candidíase crônica inicialmente seja com um tratamento antifúngico oral diário. Os regimes intermitentes são apropriados após o alcance do controle, mas não antes.
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Nossa autora

A professora Gayle Fischer é dermatologista clínica e acadêmica com interesse em dermatologia pediátrica e ginecológica. Atualmente é professora Associada de Dermatologia na Northern Clinical School da University of Sydney. Ex-presidente da Sociedade Vulvovaginal da Austrália e Nova Zelândia, membro da Sociedade Internacional para Doenças Vulvares e membro da Sociedade de Dermatologia Pediátrica. Membro do Conselho Editorial de Dermatologia Pediátrica. Ela é Chief Censor do Australasian College of Dermatologists. #vulva #ginecologia #clínicamédica #dermatologista
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