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Entrevista com o autor: Andréa Cavalcante

  • Foto do escritor: thiemerevinter
    thiemerevinter
  • 22 de mai. de 2018
  • 4 min de leitura

Atualizado: 23 de mai. de 2018

Autora do livro "Comportamento Mastigatório na Obesidade e Após Cirurgia Bariátrica", Andréa Cavalcante fala sobre sua obra e da necessidade do aprofundamento de profissionais fonoaudiólogos sobre o tema


A fonoaudióloga Andréa Cavalcante dos Santos é uma pioneira. Mestre e doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza, Andréa é a autora do livro Comportamento Mastigatório na Obesidade e após Cirurgia Bariátrica, um dos lançamentos da Thieme Revinter no Brasil.


Resultado de 15 anos de pesquisas na área e da experiência profissional acumulada por Andréa durante anos na equipe de cirurgia bariátrica de Fortaleza, o livro é o primeiro no Brasil a abordar de forma direta a necessidade do trabalhar o comportamento mastigatório em pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica.


Integrante do grupo do Núcleo do Obeso do Ceará -- Serviço Médico de Referência para o Norte-Nordeste no tratamento clínico-cirúrgico da obesidade, que atende de forma interdisciplinar pacientes que necessitam de cuidados envolvendo a obesidade -- ela conta um pouco sobre o papel da fonoaudiologia na recuperação de pacientes de cirurgia bariátrica. Leia abaixo!


Como surgiu a ideia do livro?

Surgiu com a ideia de juntar essa experiência que acumulei nos últimos 15 anos trabalhando na equipe de cirurgia bariátrica em Fortaleza. Eu iniciei a busca por pesquisas a respeito do assunto. e entendi que existia um amplo espaço para falar sobre o assunto e que não havia nenhuma produção feita a respeito disso. Eu tinha o interesse de entender cientificamente como a fonoaudiologia poderia atuar junto com equipe de cirurgia bariátrica. A partir dessa ideia, de perceber a necessidade e de um nicho de mercado de trabalho, eu iniciei as pesquisas dos meus estudos, sabendo que eu já tinha um farto material e que possuía a devida experiência profissional para discutir e demonstrar aos meus pares todos as possibilidades de atuação.


Senti que precisava expor os meus procedimentos e a maneira como eu faço os treinamentos com os pacientes, para que outras pessoas possam analisar, discutir, criticar... enfim, fazer com que a ciência cresça. A ciência só cresce com discussão, com a possibilidade de ser mais diversa e completa.


Como começou a sua pesquisa que culminou na escrita do livro?

A minha primeira pesquisa foi em maio de 2003. Sabia que ali havia algo que poderia acrescentar muito à área, que possuía algo interessante e inteiramente novo. Meu projeto de pesquisa foi microfilmado em cartório de registro de título e documentos, o que me dá o respaldo documental de ter sido a primeira pessoa a estudar a área no Brasil.


Até então, acreditava-se que a cirurgia bariátrica causava entalo e vômito. Eu passei a pensar mais a respeito e, me aprofundando mais no assunto, percebi que muitas vezes a pessoa que fazia a cirurgia bariátrica não mastigava corretamente ou suficientemente. Como o estômago está menor, ela precisa de uma ótima mastigação, para que o alimento chegue o mais triturado possível. facilitando a digestão. Entretanto, é muito comum que as pessoas que vão passar pela cirurgia, levem consigo o hábito de não mastigar os alimentos corretamente.


Para se ter uma ideia, eu cheguei a fazer uma pesquisa envolvendo 100 pacientes. Desses, 81 diziam que simplesmente não mastigavam a comida, apenas engoliam, causando os problemas de entalo e vômitos após operados.





E como a fonoaudiologia pode ajudar?

Como não havia hábito de mastigação, também havia uma necessidade de exercitar a musculatura da região da face e mandíbula, uma vez que o ato de mastigar envolve vários músculos da região, inclusive a língua.


Essas dificuldades na deglutição começam a aparecer de forma mais acentuada quando as pessoas que fizeram a cirurgia passam a comer carne vermelha. Para os pacientes bariátricos é fundamental comer carne vermelha todos os dias.


Pode parecer estranho, porque sempre ouvimos que devemos evitar ao máximo a carne vermelha e preferir a carne branca, né? Mas no caso de quem passou por essa cirurgia, a carne vermelha passa a ser a base da pirâmide alimentar, porque é ela que irá fornecer a quantidade de proteínas necessária. Acontece que essa é a carne mais difícil de mastigar. Com o estômago diminuto, a mastigação ganha uma importância ainda maior.


Nesse sentido, a atuação do profissional fonoaudiólogo é de suma importância, porque é ele quem vai ajudar na função mastigatória que exigem essa capacitação muscular.


Como é feito esse trabalho? Tem auxílio de outras pessoas?

É um trabalho multifacetado e interdisciplinar. Em Fortaleza nós temos o Núcleo do Obeso do Ceará, em que 90% das especialidades estão em um mesmo espaço físico. Ali você encontra psicólogos, fisioterapeutas, dentistas, anestesiologistas, os cirurgiões bariátricos propriamente ditos, além de vários outros especialistas. Isso facilita muito.


No primeiro momento, após a análise da estrutura da mastigação, introduzimos alguns exercícios envolvendo alimentos com os quais os pacientes poderão ter algumas dificuldades. Com isso, a gente já orienta os exercícios musculares da face para que o paciente ganhe ou desenvolva a musculatura desejada.


Depois ele volta para a fonoaudiologia para que possamos acompanhar a evolução das fases. Durante os 28 primeiros dias, a gente acompanha o paciente do seu primeiro alimento, que em geral é um frango com purê de batata. Já com 60 dias após a operação, eles voltam com alimentação normal, com um cardápio desenvolvido em equipe com os nutricionistas, para que tenha uma riqueza de nutrientes.





Qual a sua expectativa com relação ao livro?

Minha expectativa é compartilhar a experiência que eu tenho ao longo desse tempo de trabalho em equipe e fomentar a ideia para outros profissionais entenderem que existe uma necessidade de estudo, de leitura ampliada de aprofundamento na especificidade do atendimento naquilo que a gente se propõe. É estimular outros profissionais fonoaudiólogos a aderirem à ideia da ciência baseada em evidência. Nós só podemos fazer algo diante de uma base científica e daquilo que é comprovado diante de uma leitura e de estudos sobre o que a gente está fazendo.


Espero que sirva como uma contribuição à minha classe e para que outros profissionais também busquem esse caminho e que a gente consiga consolidar bem o trabalho do fonoaudiólogo na equipe de cirurgia bariátrica e que venha junto com o reconhecimento por parte do nosso conselho de fonoaudiologia sobre essa atuação.


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